terça-feira, 28 de junho de 2011

WEB SEMÂNTICA

Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio AM em 28/06/2011
Artigos publicados

Galileu afirmou que o universo está escrito em linguagem matemática. Esse postulado impulsionou o avanço científico e estabeleceu as bases da ciência moderna. O assombroso desenvolvimento da tecnologia da informação parece confirmar esse brilhante “insight” lá do século 17. Decifrar as leis que constituem a essência de todas as coisas é uma missão que os cientistas perseguem há séculos e que agora conseguem vislumbrar um horizonte pleno de possibilidades. Quando Herman Hollerith criou em 1880 um sistema de processamento de dados baseado em cartões perfurados, certamente não imaginou que o código binário decimal pudesse se tornar o instrumento que levaria a criação da inteligência artificial. Apesar de muitos acreditarem que nunca haverá um computador semelhante ao HAL, do filme 2001, as novas tecnologias de processamento da linguagem natural (ou NPL, na sigla em inglês) já desenham o agente inteligente capaz de compreender e interpretar as necessidades de informação de um usuário da internet.

Timothy Berners-Lee, criador da internet que conhecemos (HTTP, HTML e WWW), declarou em 1999 que a web ideal era aquela onde os computadores seriam capazes de analisar o conteúdo e entender as transações entre as pessoas e as máquinas. Chamou isso de web semântica e estimou que seu sonho seria concretizado em 2020. Acontece que as evidências dessa terceira geração da web já se fazem presentes. O inovador buscador de respostas Wolfram Alpha inaugurou a categoria dos “mecanismos de conhecimento”. Ele não é uma simples ferramenta que retorna documentos em resposta a pesquisas de palavras-chave, como faz o Google. Também não é uma gigantesca enciclopédia, como a Wikipedia. Em vez disso, ele “entende” a pergunta para em seguida formular respostas exatas (HSM 86 Dossiê Web).

O projeto Wolfram Alpha é ousado na medida em que pretende sistematizar todo o conhecimento humano. O processo é decorrente de volumosos trabalhos de equipes altamente especializadas, tais como linguistas e lexicógrafos munidos de dicionários que fazem correlações entre palavras e enquadramentos conceituais para dar sentido a termos e expressões mais usadas na internet. Resumindo, tudo se relaciona com tudo. A tendência é que futuramente tudo esteja indexado, inclusive os dados relacionados a cada pessoa humana. Algo esquisito para nossos atuais padrões de privacidade e individualidade. Interessante é que esse etiquetamento e relacionamento de dados, elevado a uma fenomenal escala de processamento, pode criar novas verdades e revelar a consciência de uma entidade que ainda não temos idéia do que virá a ser. É algo que está além do atual conceito de inteligência artificial.

Para as empresas, isso será a glória, principalmente para aquelas de uso intensivo do conhecimento, como a indústria farmacêutica e de informática. As multinacionais e suas unidades espalhadas mundo afora poderão gerir o conhecimento disperso com altos níveis de eficiência e assim se fortalecerem nos seus respectivos mercados. Corporações como a Oracle, IBM e Microsoft já estão integrando a tecnologia semântica aos seus projetos de softwares corporativos. Ecossistemas tecnológicos corporativos estão sendo desenhados e a SAP lidera um projeto denominado business intelligence semântico.

A aproximação dessa entidade pensante global nos faz refletir sobre as palavras de Charles Chaplin, que disse o seguinte: ”Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.

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